O que empresas como Walmart, Volkswagen, Nike, Itaú, JBS e Magazine Luiza têm em comum, além de faturarem bilhões por ano?. Todas elas seguem o mesmo modelo de gestão de empresa familiar.
Embora muitas companhias desse modelo tenham se destacado ao longo dos anos, dados nos mostram que, de cada 100 empresas familiares, apenas 30 chegam à segunda geração, e menos de 10 sobrevivem até a quarta geração. Por que isso acontece? São inúmeros os problemas enfrentados em uma empresa familiar, onde o chefe é também o pai.
Você trabalha em uma empresa familiar? É o filho do proprietário e pretende assumir a direção da companhia num futuro próximo? Este artigo é para você.
“De pai para filho”: dilemas da empresa familiar
Ser filho de um grande empresário pode causar inveja em muita gente, mas acredite: apesar do benefício de uma sólida posição econômico-financeira, também pode ser uma situação extremamente difícil e desgastante, que termina na certa em um divã, sem grandes chances de final feliz.
São inúmeras as barreiras à continuidade da empresa familiar, mas isso não quer dizer que ela esteja fadada à extinção. De modo algum. Se fosse assim, não veríamos tantas companhias estáveis depois de várias gerações de administração.
Numa empresa familiar, a relação entre pai (ou mãe) e filho (ou filha) é fundamental para a saúde da organização. Normalmente, essas relações já são suficientemente complexas. Imagine então como é isso dentro de uma empresa! Se reduzir o conflito de gerações é complicado em um contexto normal, numa relação onde o pai é também o chefe e o filho é também o empregado, temos um vulcão prestes a entrar em erupção!
O que o pai espera de si mesmo
O pai empresário sabe o que quer e sua força de vontade é enorme. Tanto que conseguiu empreender. Por excelência, ele é um indivíduo que possui metas altíssimas, e seus objetivos são constantemente redefinidos, cada vez em níveis mais elevados, para que então ele possa alcançá-los.
Isto explica a dificuldade que ele tem em se aposentar, e transferir o comando da empresa para o filho. Há um conflito aí, poque o indivíduo que dedicou toda a sua vida à empresa, terá dificuldade em se desprender dela – e fatalmente postergará sua aposentadoria, porque simplesmente não sabe o que fazer fora da organização.
Nessa condição, o pai-chefe corre o risco de se tornar autoritário e inflexível, especialmente em relação ao filho-empregado. São comuns os casos em que o pai atribui ao filho todos os erros, usando esse argumento para adiar cada vez mais a sua aposentadoria.
O que o filho pode fazer? Praticamente nada. O problema é do pai consigo mesmo. E é possível que ele resolva isso quando se der conta de que fez o melhor que podia ser feito.
O que o pai espera do filho
Geralmente, o pai deseja ao filho tudo aquilo que ele não teve acesso em sua infância e juventude, ou seja, quer que o filho seja mais bem-sucedido que ele mesmo. E desejar o melhor, muitas vezes, significa querer o filho bem longe da empresa familiar – especialmente se ela for pequena. Estudos mostram que pais proprietários de pequenas empresas preferem que os filhos tenham profissões como advocacia, medicina ou engenharia, ao invés de assumirem a empresa da família. E os filhos costumam concordar com essa posição.
O mesmo não ocorre com o filho do proprietário de uma grande empresa familiar. Recusar trabalhar para a empresa significa uma grande ameaça aos olhos dos outros membros da família. Afinal, alguém precisa tocar o negócio que tem dado muito certo.
Uma coisa curiosa é a escolha de carreiras profissionais que fazem os filhos de donos de organizações familiares. Raramente optam por uma área muito diferente daquela em que atua a empresa da família. Normalmente, ingressam em áreas que permitem uma carreira independente, como Direito, Economia, etc, ao passo que mantêm uma porta aberta para trabalharem na empresa familiar. É uma forma de postergar o problema sucessório, já que pai e filho podem estar incertos em relação ao período em que ocorrerá a sucessão.
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O que o filho espera de si mesmo
O maior desafio do filho na empresa familiar é, certamente, alcançar uma identidade própria. Isso ocorre porque o pai empresário assumiu há muito tempo um papel crucial na empresa, e coleciona anos e anos bem sucedidos em impor a sua opinião e convencer os outros a fazer o que ele deseja – e provavelmente, ele teve razão na maior parte das vezes.
Entretanto, contestar valores faz parte da formação de um indivíduo em busca de uma identidade própria. Este é um período natural de experimentação, que quando terminado, é comum que o jovem assuma padrões muito parecidos com os do pai.
Outro problema que dificulta o encontro de uma identidade é a posição do pai, que não auxilia o filho nessa busca. É comum que, quando o filho recebe uma promoção numa empresa qualquer, o pai sinta-se orgulhoso e demonstre isso.
Em muitos casos, conseguir uma promoção numa empresa familiar custa muito mais ao filho do que aos outros funcionários. E sabemos os efeitos de uma promoção para qualquer pessoa: é um importante elemento na formação da identidade própria, uma conquista na área profissional, que recompensa os anos de estudo e gera um sentimento de orgulho próprio.
Como resolver os conflitos?
Para começar, é preciso compreender a fundo os componentes psicológicos que envolvem os membros de uma empresa familiar. Todas os planos de ações e estratégias, desde que bem definidos e arquitetados, que visam a perpetuação da empresa, devem ser analisados e levados em consideração – independentemente da ideia ter partido do pai ou do filho.
A filosofia e os valores da organização são o seu alicerce, mas a modernização e as novas tecnologias são bem-vindas para aumentar o controle e garantir a saúde financeira da empresa.
Também é necessário entender um pouco mais sobre sistemas de gestão que permitem um controle maior sobre as finanças e os processos da companhia, ajudando a definir a direção a ser seguida, a longo prazo. São estes sistemas que fornecem dados em tempo real e norteiam os empresários a definirem as estratégias para o plano de sucessão familiar, sem prejudicar o bom andamento dos negócios.
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